terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ESPAÇO PERMANENTE



Terminado o Encontro de Bandas de Pífanos, este blog permanece. A intenção da Página 21 é manter o espaço como um fórum contínuo de tudo o que se faz no Brasil (e no mundo) ligado ao universo das flautinhas de madeira, com som tão característico.
Agora e sempre, será bem-vindo qualquer tipo de colaboração. Seja para divulgar shows ou eventos, para apresentar teses ou pesquisas, reivindicar, sugerir, criticar ou simplesmente dar um alô.
Participe !

FAZENDO HISTÓRIA


Um final de semana histórico para os amantes da genuína cultura brasileira. Sem nenhum exagero, assim pode ser considerado o Encontro de Bandas de Pífanos , realizado pela Página 21, dias 28 e 29 de novembro, em Olinda.
Além da música de qualidade, o evento trouxe depoimentos relevantes de alguns dos principais pifeiros do Brasil. Ficou nítido o vigor ainda presente nesta tradição popular mas, como sempre, é preciso unificar esforços para que a música das bandas de pífano conquiste a merecida difusão (e respeito) na comunicação de massa. “União”, aliás, foi palavra constantemente usada pelos presentes, que exaltaram bastante a iniciativa do encontro e torcem para o projeto se repetir em breve.
De modo simplista, dá pra dividir o encontro em alguns grandes momentos: as palestras, quando pesquisadores descortinaram as origens e a evolução dos pífanos na história; as rodas de conversa com os tocadores, geralmente bastante divertidas, mas nem por isso menos profundas; as oficinas de confecção do instrumento, em particular, a dada por Egídio Vieira; e as apresentações no palco, que mostraram a rica diversidade da música de pífanos que se faz no Nordeste. (Rafael Coelho com fotos de Toni Braga)




sábado, 28 de novembro de 2009

TRÊS MESTRES



Três mestres dos pífanos dividiram o palco na tarde do sábado numa roda de conversa.
Com o bom humor característico, João do Pife divertiu a platéia com causos que narravam a nem sempre tranqüila relação dos músicos com o poder público.  João defendeu a união para valorizar  dos músicos para valorizar os que vivem da arte.  
Damião, da Banda São Sebastião,  falou da alegria de tocar, comemorou  o renascimento das bandas de pífanos  e também pregou a união entre os pifeiros.  
Matias, do grupo Zabumbeiros de Tacaratu,  fez um histórico do grupo e das diversas viagens realizadas pela banda.

PIFEIROS DA PARAÍBA



Elinaldo Menezes Braga pesquisou  bandas do sertão paraibano.  O mapeamento gerou um catálogo que passou a ser difundido entre produtores de cultura de todo o país, além do documentário Manuel Inácio e a Música do Começo do Mundo, dirigido por Leonardo Alves.
Braga falou sábado pela manhã durante o encontro e avaliou que o levantamento gerou um intercâmbio entre os diversos grupos, além de elevar a auto-estima dos pifeiros.

AS ORIGENS



A música brasileira, sobretudo a nordestina, deve muito ao pífano e à rabeca. A amizade entre estes instrumentos, aliás,  vem desde a Idade Média.”
A opinião é do pesquisador Cacá Malaquias,que fez a palestra inicial do Encontro de Bandas de Pífanos, na manhã deste sábado, 29. Malaquias tratou das origens dos pífanos  e levantou hipóteses sobre a etmologia do termo pífano,  que, segundo ele,  viria de “pfifer”, assobiar.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

AS BANDAS

A programação noturna de encontro vai exibir um amplo panorama da música feita com pífanos na região Nordeste. Bandas tradicionais vão tocar em Olinda, representando os estados de Pernambuco, Paraíba e Ceará. 
A história dos Zabumbeiros de Tacaratu, de Pernambuco, está ligada às tradições religiosas mas o grupo inclui canções indígenas tradicionais em seu repertório. Um dos primeiros registros sobre a cultura musical de Tacaratu foi feito em 1938 quando integrantes da Missão de Pesquisas Folclóricas, idealizada por Mário de Andrade, fotografaram e gravaram momentos dos rituais Pankararu. Os zabumbeiros de Tacaratu apresentam-se sábado às 20 horas, na Praça Laura Nigro. 
A Banda Cabaçal São Sebastião vem de São José de Piranhas, sertão da Paraíba. Formada por agricultores da localidade de Sítio Antas, surgiu na década de 1970 e tem a religiosidade e os causos populares como principal fonte de inspiração. O grupo também se apresenta na noite de sábado. 
A programação do sábado inclui ainda João do Pife & Banda Dois Irmãos, de Caruaru. Criado em 1928, o grupo mantém uma rotina de apresentações em Pernambuco e fez recentes turnês por lugares como Bahia, Distrito Federal e São Paulo. 
Dia seguinte, as atrações são o Travessão do Caroá, de Pernambuco, e os Irmãos Aniceto, do Ceará. 
Travessão do Caroá é formado por remanescentes quilombolas do município de Carnaíba, Sertão do Pajeu. 
Os Irmãos Aniceto mantém uma tradição familiar e tem como um dos pontos fortes a elaborada coreografia desenvolvida pelos músicos. (RC)


AS PALESTRAS

O encontro inclui palestras de estudiosos da tradição dos pífanos, bem como lançamentos de CDs e Dvds sobre o tema.
No sábado pela manhã, o pernambucano Cacá Malaquias vai tratar da etimologia do termo “pífano” e das origens e do instrumento. Em seguida, o professor Elinaldo Menezes Braga, da Universidade Federal de Campina Grande, falará da pesquisa que desenvolveu sobre bandas cabaçais no sertão paraibano.  
À tarde, integrantes das bandas convidadas farão uma roda de conversa, contando suas trajetórias. Logo depois, ocorrerá o lançamento do CD Pifonia e do DVD Manuel Inácio e a Música do Começo do Mundo, de Leonardo Alves. Este documentário será exibido no início da programação noturna do encontro. 
Dia 29, domingo, pela manhã, haverá mais uma roda de conversas com os mestres pífeiros e os Irmãos Aniceto vão falar sobre a coreografia das bandas de pífano. 
Domingo à tarde, será a vez do pesquisador mineiro Daniel Magalhães relatar sobre a tradição dos pífanos no Vale do Jequitinhonha (MG). Às 19 horas, na Praça Laura Nigro, será exibido o vídeo Pífanos no Congado, realizado por Magalhães. 
A parte teórica do encontro acontece no Teatro Mamulengo Só Riso (Rua 13 de Maio 117). Os shows ocorrem na Praça Laura Nigro, no período da noite. (RC)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

OS IRMÃOS ANICETO


 A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto é a mais antiga do Ceará. Tudo começou com José Lourenço da Silva, apelidado Anicete, que viveu até os 104 anos na cidade do Crato, região sul do Ceará, e legou a tradição aos filhos Francisco, João, Antônio, Raimundo, Vicente e Luiz. Atualmente, Cícero, Joval e José Vicente, filhos de João, participam do grupo juntamente com Adriano, filho de Antônio. Vestidos com roupas de cores vivas, calçando alpercatas de couro, os músicos da banda criam peças notáveis, usando como instrumentos os pífanos, a zabumba, a caixa e os pratos.
Exímios artesãos, também constroem os instrumentos que utilizam. O zabumba é feito a partir do tronco de baraúna, medindo quase um metro de circunferência. Raimundo, consagrado como Mestre da Cultura pelo Governo do Estado do Ceará, extrai o miolo do tronco a golpes de machado e facão, deixando somente o arco, que é fechado com couro de bode e esticado com cordas de caroá. O pífano é feito de taboca e marcado a ferro para a criação dos sulcos de onde extraem os sons marcantes de sua musicalidade.
A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto participou do espetáculo Ciranda dos Homens, Carnaval dos Animais, dirigido pelo consagrado coreógrafo Ivaldo Bertazzo, mostrando ainda sua elogiada performance em São Paulo (Teatro Municipal e Sesc Pompéia), Rio de Janeiro (Pavilhão de São Cristóvão), Fortaleza (Theatro José de Alencar, Centro Dragão do Mar de Arte & Cultura, Centro Cultural Banco do Nordeste), Natal (Teatro Alberto Maranhão) e Serra da Capivara – Piauí (Festival Interartes). Em março de 2005, o grupo participou da programação do Ano do Brasil na França, apresentando-se na Cité de La Musique juntamente com grandes expressões da música brasileira como Djavan, Marcelo D2, Maria Rita, Dudu Nobre, Seu Jorge, DJ Dolores e Riachão.
Após participar de diversas coletâneas, a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto teve sua estréia solo no mercado fonográfico com o cd Coleção Memória do Povo Cearense, volume I, parceria da Secretaria da Cultura do Estado com os selos Cariri Discos e Equatorial Produções. O segundo disco do grupo, Forró no Cariri, foi viabilizado com o apoio do Sesc Ceará e tem produção assinada por Calé Alencar e Rosemberg Cariry. (CALÉ ALENCAR)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ENSINANDO E APRENDENDO



João do Pife & Banda Dois Irmãos são uns dos representantes pernambucanos no Encontro de Banda de Pífanos. Como manda o costume, o grupo é uma herança de família. Criada em 1928, a banda caruaruense tem ampla experiência de shows no exterior e pelo Brasil afora.
Depois que gravou o primeiro CD, em 2005, João do Pife e seus companheiros ganharam novo impulso na carreira e passaram a fazer apresentações com mais frequência em estados do Sudeste e Centro-Oeste, em projetos realizados pela Página 21 que, invariavelmente, também incluíam oficinas de confecção dos pífanos.
A preservação da tradição das flautinhas de bambu por meio da educação, aliás, é um esforço contínuo de João do Pife. Ele e Marcos (o segundo pife da banda) já formaram diversos conjuntos de crianças e idosos em Caruaru e outras cidades do Agreste pernambucano.
Durante o Tocando Pífanos, outros mestres desta arte vão se incorporar nesta tarefa de repassar conhecimentos – será domingo, 29, a partir das duas da tarde, no Teatro Mamulengo Só Riso.(RC)  

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SEBASTIÃO, O HOMENAGEADO


Sebastião Biano, 90 anos, é o homenageado do Encontro de Bandas de Pífanos. Radicado em São Paulo desde a década de 1970, o músico alagoano é um dos expoentes desta tradição musical tipicamente brasileira, que tomou impulso graças ao Cinema Novo e ao Tropicalismo. De Caruaru, no agreste pernambucano, Sebastião e o irmão dele, Benedito, correram o mundo, depois que o grupo que mantinham foi chamado de Os Beatles de Caruaru por Gilberto Gil. Foi o ex-ministro, aliás, quem gravou Pipoca Moderna, parceria entre Sebastião e Caetano Veloso, que acabou tornando-se uma espécie de standard das bandas de pífanos.
Mesmo com a morte do irmão, Sebastião sustentou a Banda de Pífanos de Caruaru em atividade apesar dos altos e baixos. Hoje o grupo apresenta-se com novos componentes, mas Sebastião mantém a vitalidade e é capaz de tocar com desenvoltura e o requebrado característico dos grandes pifeiros. Pela persistência, pelo talento e pelo espírito inovador, Sebastião Biano é merecidamente o homenageado do evento. (Rafael Coelho)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pífano, pífaro ou pife. Instrumento feito de taboca (espécie de bambu) com sete orifícios, um para soprar e seis para dedilhar. Conhecidas também como zabumba, cabaçal, esquenta muié, terno de pífanos, as bandas de pífano tem em suas formações músicos intuitivos, verdadeiros patrimônios imateriais de musicalidade.

Tocando Pífanos reúne bandas de pífanos de origens, musicalidades, performances e características diferentes, a maioria sediada nos sertões de Pernambuco, Paraíba e Ceará. O evento ocorre em Olinda (PE) dias 28 e 29 de novembro de 2009.

Além de apresentações, o projeto promove conversas sobre o fazer musical dos grupos, palestras com estudiosos, lançamentos de CDs e DVDs.

O encontro homenageia Sebastião Biano, fundador da Banda de Pífanos de Caruaru, grupo que projetou esta forma de arte na mídia internacional e influenciou várias gerações de músicos.

Sejam bem vindos.